fonte Google
Histórias de Marias, Terezas,
Antonias... e quem mais vier... Coloco na primeira pessoa, emprestando minha
voz, minha emoção a um testemunho que toca, que
assusta!!! Mas, ensina. Ouvi, com o coração nas mãos e compaixão na alma.
A
janelinha “outros” me faz uma solicitação. Aceito, não aceito. Está escrito em
Inglês, a lógica me diz: DELETE! Desde crianças aprendemos que não devemos
falar com estranhos. Mas, que mal poderá me fazer? No mínimo terei um Oceano, entre nós. Não dizem
que temos que explorar o novo, experimentar outras emoções Abrir caminhos?
Coragem! Ele lá e eu aqui, como se o coração se fartasse deste mar azul, para
não se envolver. Nem me lembro que nas águas cálidas, transparentes moram águas
– vivas que nos queimam, fossos inesperados que nos tiram o chão.
O novo me fascina! Horas de deslumbramento e
trabalho. Tempo de dedicação, investidas em um relacionamento sem eira, nem
beira. Recebo mensagens, diariamente, me apodero do
Tradutor. Não, esta tradução não tem nada a ver. Tento outra vez Dicionário por perto. Amigo virtual, de tão
longe, Inglaterra, com um perfil que me encanta... Arquiteto de uma firma de
respeito. Entro no Google, checo as informações, pelo nome que se apresenta. Tudo
Ok. Eu me apaixono pela cultura. As
cartas, declarações de amor, em prosa e verso.
Conheço poetas, escritores ingleses, americanos. Fotos lindíssimas! Ele
se torna meu vício. Toma o espaço do meu pensamento 24h, por dia. Anseio pela resposta;
é a minha angústia, fonte de minhas lágrimas. Ainda, uma sensação de culpa me invade. “Será
que eu o magoei?” Porém há sempre um pedindo desculpas, pois estava em viagem
de negócios. (sem Internet, sem celular?) Nem me questiono. A próxima carta
compensará toda esta ausência, me cobrindo de afagos... Em meio a tudo isto,
promessas de visitas, de encontros. Pronto! A paixão já se instalara! Noites
mal dormidas, desejos a flor da pele. Promessa de uma vida deslumbrante, até o
envelhecer de mãos dadas, em frente a uma lareira. Neste encantamento, foram meses.
Um bom dia, cheio de amor me despertava,
me fazendo feliz, antes mesmo do café. Saia para o trabalho vendo borboletas.
Nem me importunava a lotação do ônibus. Eu
me sentia a mais amada, a mais linda, a mais desejada. Vivia a sorrir... Mas
alguma coisa começou a pairar no ar. Frases feitas; demais... fragmentos de
livros, tudo muito perfeito. Perguntas e respostas desencontradas. Parecia não
ter lido a minha carta. Desconfiada,
inicio um crivo de indagações, de suspeitas. Começo a fazer perguntas e
perguntas, envolvendo meus filhos neste alerta contra os perfis falsos. Os
perigos do relacionamento pela Internet. Assuntos da atualidade, não se
concretizavam em diálogo.
Assim , para a minha
desilusão, as cartas foram espaçando - se. Todos os dias, procurando uma linha que me desse esperança de continuidade, Ainda com o coração doído me
deparo com uma notícia no Jornal, alertando para este golpe de estelionatários
da Internet. O assunto me interessou, passei a buscar informações em sites especializados.
Relatos alarmantes! Eles envolvem
crianças, apresentando-as como se fossem seus filhos.Chegam a conversar com a “provável",
mãe brasileira. Postam a passagem comprada, hora de voo e tudo mais. Algumas
mulheres abastecem a cozinha com alimentos, bebidas, para receber a visita
ilustre do amado. “Como será a comunicação? Mas, sempre um imprevisto surge na última hora
e este voo nunca se concretiza. Aí cai a
bomba !!! Esta engrenagem faz parte de uma “máquina” chamada “Máfia Nigeriana”.
Constitui em uma organização muito bem estruturada. Um grupo escreve as cartas,
outros telefonam... Vão seduzindo as mulheres vítimas, solitárias, carentes, e
ao perceberem, que a paixão as cegou, inventam tragédias, doenças, problemas na
Alfândega, com liberação de encomendas. Vem a primeira solicitação do envio de dinheiro, com a promessa de devolvê-lo assim
que chegarem ao Brasil. O objetivo, primeiro, entra em ação. Querem saber, inclusive, a medida
do dedo, porque o anel de noivado, presentes, estão sendo enviados. Propostas
de lavagem de dinheiro camufladas, em transações perigosas, sempre com vantagem
financeira para a mulher, que coincidentemente, está em situação de dívidas comprometidas.
São golpes e mais golpes. Muitos moram até mesmo, no Brasil. Fazem uso da Lanhouse,
como se estivessem na Inglaterra. Houve
casos de suicídio, pela vergonha, pela desilusão e pelo dinheiro desperdiçado.
Quando eles percebem que a pessoa não vai cair na lábia, não conseguindo seu
intento, desprezam - na e vão à caça de
outras. É uma organização para surrupiar as economias das vítimas, pela emoção,
pelo sentimentalismo, pela carência. Pelo desejo de ser amada, querida.
Permanecem no relacionamento durante meses e meses, dando corda, enrolando com
a linha da mentira, costurando sonhos, bordando ilusões. Neste site, as vítimas
se ampararam, desabafam, contam da escuridão da alma, após descoberto o engodo. Trabalha-se a libertação da culpa, do remorso. O que elas menos precisam, neste momento, é que as julguem. As mãos trêmulas pela angustia, se entrelaçam à procura de novos recomeços. Elas sentem-se no porão do mundo, com toda sua poeira e quinquilharias. Outras,
não sendo lesadas, agradecem pelo carinho recebido, pela presença amorosa, nos
momentos de solidão. Como eu dizia mesmo? Um Oceano entre nós? Não, via
Internet, não há cercas, não há montanhas que nos preserve das más intenções,
do perigo de estelionatários, de almas corrompidas pelo poder, pelo lucro
fácil. É um laser que perfura o que encontra pela frente, abrindo frestas,
orifícios que sangram. E como se recolhe os cacos, deste coração esfacelado,
partido, envergonhado?
Penso que, se esta pessoa for espiritualizada, uma boa autoestima, uma carcaça que aguenta os solavancos da vida, transforma todo este episódio em aprendizado, ri de seu próprio infortúnio. Do fato destruidor, se constrói um novo caminho produtivo, a partir de uma experiência tenebrosa, mas que a faz ressurgir das cinzas.
Fará uma reforma na sua casa interior, ou pelo menos, terá que dar uma demão de tinta para tirar o cheiro do desamor, do desengano. Para o novo, há de se estar fortalecida; poderá ter que alinhavar sua vida novamente, sem conhecer a cor da linha, nem o tamanho da agulha.
Penso que, se esta pessoa for espiritualizada, uma boa autoestima, uma carcaça que aguenta os solavancos da vida, transforma todo este episódio em aprendizado, ri de seu próprio infortúnio. Do fato destruidor, se constrói um novo caminho produtivo, a partir de uma experiência tenebrosa, mas que a faz ressurgir das cinzas.
Fará uma reforma na sua casa interior, ou pelo menos, terá que dar uma demão de tinta para tirar o cheiro do desamor, do desengano. Para o novo, há de se estar fortalecida; poderá ter que alinhavar sua vida novamente, sem conhecer a cor da linha, nem o tamanho da agulha.
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